sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Infância


O moleque corre junto com a pipa,
ou atrás de uma,
prepara o cerol debaixo do sol
empina, desbica,
toma um corte e perde a pipa.

O moleque corre atrás da bola
dribla, faz gol,
deita e rola
com os aliados - comemora!

Em tardes ensolaradas ou nubladas
época de pipa,
futebol com a garotada do bairro,
no chão de barro (que hoje em dia foi coberto pelo asfalto)
Se tornaram boas lembranças d'um passado memorável.

O tempo passou.
O moleque nunca mais fez gols,
nunca mais desbicou,
lembra-se que já foi feliz.
Agora, corre contra o tempo montado numa moto,
vive infeliz,
sobreviver sem tempo pra nada
o deixou assim... em nostalgia.

                                                        Bruno Gabiru

Eclipse



É plantando a consciência que às raízes se fortalecem!

Pros dias não passarem em branco,
vou escurecê-los com a sombra do meu crespo.

                                                                              Bruno Gabiru

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Meu canto, meu sossego



É na estrela solitária onde marejam meus poemas
Desenhos pincelados
No espaço em branco
Descrevo meu imaginário

No meu canto, eu canto
Não tenho o dom, mas é preciso quebrar o silêncio monótono
No fim de tarde morro com o sol
Coberto pelo ócio ao cochilar

Me incomodo com a poeira na prateleira
Sob livros e discos
E com os gatos saltitando no telhado durante a madrugada.

Ao pisar na rua
Labuta diária
Recebo a buzinada do motorista imprudente
Barulhos
Tumulto de gente
Acumulo o pensamento
Constantemente

Mas, eu nem me aborreço
Logo mais, tenho um encontro marcado com meu sossego
Ele me recebe de braços abertos

No meu endereço.

                                                                  Bruno Gabiru

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Negrosa



A boca de fome
Sem nome
Enlouquece com o desejo que lhe consome

À flor da pele

A língua sobrevoa o céu
O pensamento se afoga em alucinações
Tato selvagem na pele cheia de tatuagens

À flor da pele

O ofegante suspiro
Vira canto ao pé do ouvido
Sensação boa que causa arrepio

Corpos errantes
Bronzeados, em brasa
Na escuridão em estado flamejante

Exala o cheiro da vulva
Úmida como uma gruta
Me afogo na correnteza gozoza

Hoje acordei inquieto
Liberto
Negra, dengosa, te desejo
Te quero

À flor da pele.

                                                                        Bruno Gabiru