quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Vestida(o) de Mar



Deusa d’água
no embalo das ondas
faz a travessia
trazendo toda poesia
feito tempestade
trazendo poetas 
dentro da barriga
És o ponto de partida
Diáspora
dança trovoada
Alicerce
dessa árdua batalha.


                                                Bruno Gabiru

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Exposição na Feira Cultural Preta.


Da esquerda pra direita: Ventre Livre, Som da Tribo (alargador), Crespo Estrelado, Tam Tam e Roda de Fogo.


Gigando Cores e (A)fr(((o)))equências.


=)

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Aurora


"Minha liberdade começa no mar
e vai até o sol
De sal e sol Eu sou." - Jorge Du Peixe 

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

20 de Novembro


"O dia 20 de novembro simboliza a resistência dos africanos contra a escravatura. Essa resistência assume diversas expressões táticas e perpassa todo o período colonial. Durante esse período, em todo o território nacional, havia quilombos e outras formas de resistência que, em seu conjunto, desestabilizaram a economia mercantil e levaram à abolição da escravatura. Esse é o verdadeiro sentido da luta abolicionista, cujos protagonistas eram os próprios negros. Eles se aliavam a outras forças, mas, muitas vezes, foram traídos por seus aliados. Mais tarde, entretanto, a visão eurocêntrica da história ergueria os aliados como supostos atores e heróis da abolição. A comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra em 20 de novembro tem como objetivo corrigir esse registro histórico e reafirmar a necessidade de continuarmos, nós, os negros, protagonizando a luta contra o racismo que ainda impera neste país." - Abdias do Nascimento

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Estado Genocida


Em tempos de ditadura
Somos vítimas
Sob tensão com receio de capturas
Estamos na mira dos tiras
Prisões seguidas de torturas
Por (não) termos uma idéia crítica
No terreno do descaso vemos nossas sepulturas
Viramos estatística

O mito da democracia racial
Insiste nos calar
Com a violência policial
Vamos persistir, não vamos nos conformar!

Repressão que retalha
Cicatriza na pele
Das chibatadas ao pau de arara
O genocídio permanece

Ao invés de ser flamejante
O inferno é frio e feito de aço
Enjaulado
Numa condição de rato
Sob torturas
Nos afogam nas trevas
Altar das degradações
Onde só há sádicos
Vorazes como leões.

Cada letra que pinga no papel
Vira manifesto
É a revolta que toma o céu
Fazendo chover sangue
Para que essa terra seja regada e fortificada
Viva de idéias
E resistência
Em tempos de insanas violências.


                                                                       Bruno Gabiru

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Liberdade

Não ficarei tão só no campo da arte,
e, ânimo firme, sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para exaltar-te,
serenamente, alheio à própria sorte.

Para que eu possa um dia contemplar-te
dominadora, em férvido transporte,
direi que és bela e pura em toda parte,
por maior risco em que essas audácia importe.

Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
que não exista força humana alguma
que esta paixão embriagadora dome.

E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome.

                                                                       Carlos Marighella

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Infância


O moleque corre junto com a pipa,
ou atrás de uma,
prepara o cerol debaixo do sol
empina, desbica,
toma um corte e perde a pipa.

O moleque corre atrás da bola
dribla, faz gol,
deita e rola
com os aliados - comemora!

Em tardes ensolaradas ou nubladas
época de pipa,
futebol com a garotada do bairro,
no chão de barro (que hoje em dia foi coberto pelo asfalto)
Se tornaram boas lembranças d'um passado memorável.

O tempo passou.
O moleque nunca mais fez gols,
nunca mais desbicou,
lembra-se que já foi feliz.
Agora, corre contra o tempo montado numa moto,
vive infeliz,
sobreviver sem tempo pra nada
o deixou assim... em nostalgia.

                                                        Bruno Gabiru

Eclipse



É plantando a consciência que às raízes se fortalecem!

Pros dias não passarem em branco,
vou escurecê-los com a sombra do meu crespo.

                                                                              Bruno Gabiru

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Meu canto, meu sossego



É na estrela solitária onde marejam meus poemas
Desenhos pincelados
No espaço em branco
Descrevo meu imaginário

No meu canto, eu canto
Não tenho o dom, mas é preciso quebrar o silêncio monótono
No fim de tarde morro com o sol
Coberto pelo ócio ao cochilar

Me incomodo com a poeira na prateleira
Sob livros e discos
E com os gatos saltitando no telhado durante a madrugada.

Ao pisar na rua
Labuta diária
Recebo a buzinada do motorista imprudente
Barulhos
Tumulto de gente
Acumulo o pensamento
Constantemente

Mas, eu nem me aborreço
Logo mais, tenho um encontro marcado com meu sossego
Ele me recebe de braços abertos

No meu endereço.

                                                                  Bruno Gabiru

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Negrosa



A boca de fome
Sem nome
Enlouquece com o desejo que lhe consome

À flor da pele

A língua sobrevoa o céu
O pensamento se afoga em alucinações
Tato selvagem na pele cheia de tatuagens

À flor da pele

O ofegante suspiro
Vira canto ao pé do ouvido
Sensação boa que causa arrepio

Corpos errantes
Bronzeados, em brasa
Na escuridão em estado flamejante

Exala o cheiro da vulva
Úmida como uma gruta
Me afogo na correnteza gozoza

Hoje acordei inquieto
Liberto
Negra, dengosa, te desejo
Te quero

À flor da pele.

                                                                        Bruno Gabiru

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

domingo, 14 de setembro de 2014

Café & Cartola


Verde que te quero rosa
Aquelas que simplesmente exalam e secam
No deserto do peito vazio
Dormi na sala de recepção
Sonhei que cavava abismos com os pés
Acordei e corri pra ver o céu
Assisti o sol nascer
Do alto do morro
Vi uma pipa
Vi a vida estendendo roupas no varal
Desfigurado
Disfarcei e chorei
Os óculos escondiam o pranto do poeta
Que bebia goles de um café amargo.
Tive sim
Que sair a procurar
Adoçar o paladar
Estou sendo triturado num moinho
Preciso me encontrar.

                                                                                             Bruno Gabiru

Afro


Turbante Mirabolante


As veias abertas das mulheres negras, latino-americanas e caribenhas.


25 de Julho.

Caxinguelê


O poeta enjoou-se de escrever no papel...
decidiu fazer poemas com o corpo na imensidão.

                                                                                               Bruno Gabiru

Estrelas



Da minha janela
Observo essa constelação
Estrelas que sangram
Que nascem
Que apagam
Cada bairro é uma galáxia
E no alto do morro
As frequências são vias sonoras
O samba
O rap
O maracatu
Sintoniza aqueles que carregam à noite no corpo
E a lua nos olhos
Mesmo estando de dia.

                                                                                              Bruno Gabiru

Aonde minha vista alcança...


Fela Kuti!


Frida Errante


Cores


"[...] Depende da hora
da hora da cor e do cheiro
cada cor tem o seu cheiro
cada hora lança sua dor
e dessa insustentável leveza de ser
eu gosto mesmo é de vida real

Eh levei minh'alma pra passear
Elevei minh'alma pra passear

Não me distancio muito de mim
E quando saio não vou longe
Fico sempre por perto [...]"
                                                                          Jorge Dü Peixe

Margem



Arte Marginal
da fome
da lama
do caos.

                                                                   Bruno Gabiru

Guerra dos Espelhos


No infinito do ser
Vejo todas as minhas formas e faces
Imaginário mirabolante
Onde voo e tropeço em abismos
O horror da eternidade e estar cercado pelo nada
Minhas manhãs são intranquilas
Porque ontem tive um pesado
Eu era um soldado
Na guerra dos espelhos.

                                                                             Bruno Gabiru

Presa



Preso
Na teia
A presa está indefesa
Pelos predadores é analisada
Com destreza
Da dor ao odor
Com a morte por dentro
E por fora
Desce lentamente o primeiro corte.

                                                                                 Bruno Gabiru

Por dentro


Só.
Procuramo-nos em nós
No mar das entranhas
No céu de perguntas e respostas
Nascer
Morrer
Me perco
Me encontro
Me perco
Me encontro

Me perco...

                                                                           Bruno Gabiru

Palavras


Poeta morto
Versos repetidos
Gastos
Arcaicos
Escritos com carvão que faiscavam no papel
Letras flamejantes
Suas palavras se espalharam como fogo
Hoje, viraram cinzas.

                                                                                                Bruno Gabriu

Mar de Tinta



Inspirações vêm:
Das pedras
Das flores
Das janelas
Dos horrores...

Traçando esse mar errante
Misturando cores
Onde o navegante
Usa um chapéu-farol
Na ausência do sol
Persiste em manter
O equilíbrio
Nesse horizonte
Em constante
d
e
c
l
í
n
i
o.

                                                                           Bruno Gabiru 

Touch Me!


Ilustração do poema de Raquel García:
http://akewipreta.blogspot.com.br/2013/10/touch-me.html

Libertário!




Firmin


Cyco Pit


Capa da demo lançada em 2011.
Banda de Thrashcore que atuei como vocalista.

Som e capa finalizada:
https://www.youtube.com/watch?v=PbgdoElt4CE

Invisível Insensível


Ilustração para o texto de Felipe Castilho no Quotidianos:
http://quotidianos.com.br/2014/09/08/inv